Madrugada inteira
Sentia-se assustada. Toda aquela nova situação de abrir mão da idéia de um futuro a atormentava. De uma idéia, pois nunca passara disso. Era só o sonho. O encaixe perfeito de seus desejos. Até os defeitos eram convenientes. As brigas, ideais. Acreditava piamente que aquele relacionamento era o modelo de perfeição entre todos os outros que vivera, mesmo que por tão pouco tempo.
Nada importava mais. O importante agora era deixar passar. Pulverizar todo um sentimento. Modificá-lo. E isso incomodava. A guerra entre o “não quero” e o “preciso” estava mais acirrada do que sua vontade de que aquela merda toda nunca tivesse acontecido.
Tarde demais. A maldita imagem, mesmo que dentro de sua cabeça, já estava lá e nada a tiraria. Só o tempo e talvez algumas atitudes. Seu maior anseio era de que o tempo não fosse uma borracha eficiente...