terça-feira, 10 de dezembro de 2019


Acho engraçada essa coisa de confundir o direito de falar o que quiser com a permissão de se falar como quiser. Real. Acho uma graça.
Intimidade é poder – no sentido de ter a possibilidade de -  falar o que quiser para uma outra pessoa – ou outras pessoas – sem medo de ser julgado, mal interpretado ou qualquer outro “ado” que te impeça, emocional e socialmente, de falar o que se deseja para qualquer um no meio da rua. Entre um grupo de amigos você pode, sem sombra de dúvidas, comentar sobre a silhueta de uma menina ou sobre a performance sexual de um ex-namorado – geralmente das ruins. O que não seria de bom tom se você fizesse com um estranho na fila do mercado.
Intimidade também é você saber com quem você pode falar sobre determinados assuntos. É você conhecer o olhar do seu amigo quando você fala algo que o desagrada. É ter a liberdade de discutir sobre um assunto muito mais do que ferozmente e, no segundo seguinte, chamar o coleguinha para tomar aquela gelada. Intimidade é a liberdade de ser ao lado de quem você quiser. Duas pessoas se tornam íntimas apenas depois de certo tempo de convivência. Isso vale para relação amorosa, afetiva, fraternal, de amigos. Qualquer relação precisa de certo tempo de convivência para que se torne íntima o suficiente a ponto de conhecer um olhar, um tom de voz ou uma ausência.
Há pessoas que entram nas nossas vidas, passam anos ao nosso lado e não se tornam íntimas. Há outras que, com poucos meses de amizade, se tornam tão parte de nós que, por um instante, acabamos esquecendo que a relação começou a pouco mais de alguns meses.
Intimidade é feita de tempo. Tempo ao telefone, tempo trocando mensagens, trocando história. Tempo de risadas, choro, discussão. Tempo de história pra contar, história mal contada, tempo de história vivida ou não. Torno a falar: seja em qualquer campo dos relacionamentos, a intimidade é trazida com o tempo. O sentimento não. Paixão, amor, tesão ou a simples vontade de estar perto vem através de algo que, honestamente não sei explicar. Sentimento não se explica. Intimidade sim. Muitas vezes a magnitude de um sentimento faz com que você conviva mais com aquela determinada pessoa e, assim, a intimidade acontece mais rapidamente. Conhecer outra pessoa requer vontade. Requer tempo. Requer.
Uma coisa muito importante é que, independente do grau de intimidade que tenhamos com qualquer pessoa, nada, no mundo, justifica grosseria gratuita.

A SAGA DA FAXINA

Sete horas da manhã. Acordei, olhei para a casa e pensei: Hoje é um belo dia para se fazer uma faxina. Foi uma vontade totalmente espontânea...