quinta-feira, 18 de outubro de 2012

De uns tempos pra cá eu ando mais observadora. Ando olhando aqui e acolá, ando espiando o que desconheço, ando beirando novas experiências, novas atitudes.  Não concluí - ainda - se há necessidade de rever os meus conceitos ou se de fato o que estou observando está totalmente deturpado daquilo que venho aprendendo ao longo dos meus trinta invernos. Não sei se eu tenho um conceito muito errado sobre amizade ou se realmente os parâmetros atualmente mudaram a ponto do meu conhecimento sobre a vida me confundir de tal forma a me deixar perdida.
Amigo compreende  as diferenças. Ou não as compreende.  Mas no mínimo as aceita por saber que todo indivíduo é essencialmente diferente e que essas diferenças entre vocês sao o tempero que talvez mantenha essa amizade eternamente em construção.
Amigo não julga amigo. Simples assim. Não julga. E se julga, julga pra si a fim de proteger.
Amigo protege. Nos protege até mesmo de nossos próprios defeitos e, principalmente, nos protege do julgamento alheio.
Amigo conhece suas fraquezas e defeitos e tenta te ajudar a mudar, melhorar, crescer, entender. Dentro da possibilidade, e claro, da sua vontade de realizar qualquer mudança. 
Amigo não fala somente o que você quer ouvir. Fala a verdade. Da forma que souber falar, que quiser, que puder. 
 Amigo também se cala. Diante de uma fase estranha, diante do desconhecido, diante do que não aceita. Mesmo sabendo que você ta fazendo merda. Amigo sabe entender nossas fases estranhas porque conhece nossas fases boas ou até nossas fases normais. Viver é ter fases.
Amigo também cansa. Todo mundo cansa um dia de lutar por alguma causa que, visivelmente, esteja lutando sozinho. 
Amigo não promete o que não pode cumprir porque sabe a importância do que prometemos.
Amigo some, reaparece, se muda pra outro continente, pra outra cidade, pra outro bairro, pra outro prédio. Amigo casa, tem filho, arruma novas paixões, arruma novas confusões. Amigo se distancia por vontade, pra dar saudade. 
Amigo arruma novos amigos.
Amigo vira inimigo quando ainda há amor.
Amigo deixa de ser amigo quando fica indiferente.
Amigo fica sem tempo, sem saco, sem dinheiro, sem saúde.
Mas amigo, sempre amigo. É aquele contrato invisível de lealdade que se assina com outra pessoa a fim de dividir aquilo que nos faz feliz e nos atormenta. É aquele pra quem não temos medo de mostrar quem realmente somos. É pra quem nos despimos de máscaras de maquiagem, de escudos.
Amigo nos decepciona, mas sabe se retratar. De uma forma ou de outra.

Pelo menos, é isso que eu acho e que tento ser.
Pra aqueles que eu magoei por falta de sutileza, de paciência, de tempo, de presença e também para os que me magoaram.
Toda mágoa requer tempo para se curar... Se se curar...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Para minha avó, minha rainha...

Eu escrevi esse texto na semana que ela faleceu, mas nunca tive coragem de postar.

Reli agora, chorei como de costume e agora me sinto à vontade para dividi-lo.

Vó, bisavó, mãe, irmã, amiga... pra mim simplesmente e pra sempre, minha “Vó-Lena”.

Inevitável o sofrimento. Saudade ardida essa que bate no peito. Em muitos momentos perdemos as estribeiras, gritamos e falamos aquilo que não queremos com o intuito de nos fazermos notar. Infeliz escolha. Naquele leito frio, a vida tomada nos mostra que nada disso é necessário. Que recordados são os momentos de carinho. O corpo sem reflexo e expressão é o que nos mostra que agora só a saudade será capaz de nos transportar para perto novamente. De tudo, do teu colo serei saudosa. Das brigas estúpidas e do pedido alimentar de desculpas. Das risadas, do eterno entendimento. Da compreensão com essa neta torta, com os filhos tortos, com os amigos tortos. Porque não seria a sua vida se tudo fosse reto, direito, no lugar.

Os natais, o cheiro do frango metido a besta, a carne assada, a vaca atolada, a farofa, o arroz de brócolis...

-   Ah, vó ! Maionese com maçã ?

E lá vinha ela com a maionese feita especialmente pros netinhos chatos!

As histórias, a roubalheira nas partidas de buraco. A irmandade opcional com a sua melhor amiga, Maria do Carmo, a quem você nos brindou com o presente de chamarmos de família. A maneira como nos fez crescer sujeitos simples, verdadeiros e de caráter.

A batalha, na vida e na morte, para buscar algo de melhor sempre, para todos.

O fim não apaga os defeitos. Todos os temos e sempre teremos. Turrona, chata, em muitos momentos a grosseria em pessoa. Levanta a mão, nesse lugar, quem a odiava? Impossível.

Essas palavras não são um terço da dor que estamos todos sentindo. Essa dor que nos faz querer estar cada vez mais perto um do outro, para que a sua memória seja perpetuada dentre todos que tiveram o imenso prazer de realmente te conhecer.

Vai em paz. Caminha para perto da tua mãe, teus irmãos. Desejamos todos que sejamos dignos de encontrar contigo onde quer que tu estejas. Olhe por nós, como sempre fizestes.

Obrigada por me tornar essa pessoa que sou hoje.

Vai em paz minha vó. Descanse, e sempre me dê sua benção...

 


A SAGA DA FAXINA

Sete horas da manhã. Acordei, olhei para a casa e pensei: Hoje é um belo dia para se fazer uma faxina. Foi uma vontade totalmente espontânea...