sábado, 24 de outubro de 2020

 

Todo mundo sonha em viver uma grande história de amor. Daquelas dignas de filmes de Hollywood, onde, no fim da trama, o mocinho percebe que cometeu um terrível engano e se descobre completamente apaixonado pela mocinha. Então, a fim de impedir que ela embarque naquele avião, ele pega um táxi e se depara com a Oakland-Bay toda engarrafada. Preocupado em não chegar a tempo ao aeroporto, ele sai correndo e a vê de relance, pela janela de um táxi, que estava um pouco mais a frente. Ele abre a porta do carro e pede que ela não vá para Boston porque ele a ama. E faz o pedido de casamento em cima dos carros. Todos buzinam e aplaudem. 

Créditos.

Não desacredito que essas histórias existam. Mas fomos programados para acreditar que elas são tão corriqueiras que, certamente, em algum momento, acontecerá conosco. A frustrante realidade vem como uma tijolada pra nos mostrar que, por mais que acreditemos, não vai. Mesmo quando duas pessoas se conhecem ao acaso (vamos chamar de acaso o que acredito que seja destino – olha a crença do romantismo enraizada no discurso). A conexão é imediata porque elas duas viveram situações muito parecidas. Incontáveis coincidências que as levam a pensar que foram feitas em par. Tudo rola numa fluidez incrível. Tão leve que se torna perfeito! O elo entre as duas faz com elas entrem em outra dimensão quando veem o mundo uma pelo olhar da outra. As portas estavam abertas, iluminando todo o cômodo. Uma porta se fecha. A outra permanece escancarada.

Não conseguem se afastar por completo. E tudo aquilo parecia estar destinado para ser um grande amor – digno dos filmes de Hollywood – se torna um castelo pintado de azul e amarelo com cheiro de paz e foto do pôr-do-sol em frente ao mar. Um castelo chamado amizade.

Todos os indícios apontam que aquela amizade é apenas subterfúgio, um atalho driblar o medo de uma nova entrega, para aprender a lidar com os sentimentos que fogem ao alcance da compreensão. A vida as marcou com ferro em brasa, as feriu e essas feridas ainda estão abertas. Em uma delas já mais cicatrizadas, na outra, ainda em carne viva. Uma é o Sol. A outra, a Lua.

Uma paralisa com a certeza de que essa era a sua grande história de amor. Foi ela que não conseguiu fechar a porta. A tal história de amor vivia dentro da sua imaginação. E por essa certeza, aguardava detidamente esse despertar. Ela era a moça indo pro aeroporto.

A frustração da vida que a Oakland-Bay não estava engarrafada. Não tinha taxi. Não tinha Boston, nem pedido de casamento ao som de gritos e buzinas. Esse amor de cinema criado pelas suas crenças românticas enraizadas simplesmente não existia. 

E a vida é assim.

Créditos.

 

terça-feira, 21 de janeiro de 2020


Ela é mãe. Daquelas leoas mesmo, sabe? Daquelas que, pelo tanto que é, sabe-se que nasceu para o tal trabalho. Ser mãe.
Ela, que acorda cedo, arruma, leva pra escola. Pega na escola, faz dever de casa, arruma a louça e faz a janta. Massa pro pequeno, salada pra maiorzinha. Mommy’s juice pros dois. Ela, que sabe o que eles gostam, como eles gostam e o que não gostam. Mas faz mesmo assim. Faz pra educar, educa para ser. Ela, que conta história, vê show, pergunta sobre a lição do dia. Ela, que fala em três idiomas, pra eles aprenderem a entender a raiz dos seus pais. Ela, que coloca pra dormir na mesma hora, todo dia, porque eles precisam de rotina. Ela, que me mata de orgulho por ter se tornado aquilo que eu jamais imaginaria. Que lindo de ver. Eu, expectadora, adoro passar as noites dentro da rotina dessa família que, por algum motivo, me sinto integrante.
Ela, que apenas é!

A SAGA DA FAXINA

Sete horas da manhã. Acordei, olhei para a casa e pensei: Hoje é um belo dia para se fazer uma faxina. Foi uma vontade totalmente espontânea...