quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

 Não sei quanto tempo

Há na distância e no silêncio 

Mas meu eu desaprendeu

A ser eu sem você 

 

Não há um bom dia

Sem meu bom dia preferido

Não sei trilhar

Sem pensar na próxima trilha 

 

Há um eu em mim que se sabe por inteiro

Mas esse eu simplesmente não quer

Existir sem o teu. 

 

Volta pra casa que teu canto está vazio

Que eu quero voltar pro meu abraço casa

O lar que conheço e que simplesmente me faz

Sinto falta de ti, meu cheirinho de paz

 


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

 

No final de 2020 peguei COVID. Sei exatamente o dia que peguei, porque foi justamente na minha primeira aglomeração. 02/11/2020. Fui fotografar. Precisava complementar minha renda porque sofri reduções salariais bruscas ao longo do ano da pandemia. Entretanto, independente do quanto meu salário tenha sido reduzido, eu nunca parei de produzir. Dava aula para 4 turmas por dia, de segunda a quinta. Gravava 16 vídeo aulas por semana, de turmas entre o segundo e o quinto ano. Essas eram as minhas principais funções. Dentre outras milhares de coisas que fazia. Na mesma semana que comecei os sintomas do COVID precisei faltar duas aulas, porque estava realmente me sentindo mal e também mandei um e-mail pedindo minha redução de função e de carga horária, tendo em vista que precisava, de fato, fazer outra coisa para que a grana entrasse e eu pudesse me sustentar novamente. 3 dias depois um email suspendendo meu contrato de trabalho por ter causado prejuízos para a instituição devido as duas faltas da semana anterior. EU ESTAVA COM COVID! E assim mesmo! Por email. Distante. Seco. Frio. Feio. Confesso que não me espantou porque ao longo dos 3 longos anos que trabalhei lá vi isso acontecer com outras pessoas. Digo longos porque, por nunca ter sido uma funcionária regular, eu vivia cada um dos minutos que ali estava. Chegava mais cedo que todos, saía mais tarde. Sempre. Dava aula no turno da manhã, gerenciava o que precisava gerenciar a tarde. Nunca hesitei em pegar meu carro e viajar de bate e volta para região dos lagos para fazer reuniões, resolver problemas que, de fato, não eram meus. Fiz muito mais do que recebia para fazer e sempre fiz com gosto, porque meu trabalho nunca foi somente trabalho. Eu simplesmente amava o que fazia. Chegar na escola as 7 da manhã e ser recepcionada com aquelas carinhas pequenas e inchadas era o máximo! Meu combustível. Depois, mesmo exausta, mesmo sentindo dores que ninguém poderia dimensionar (porque não sou muito de falar do que sinto), eu voltava pro escritório e fazia tudo de novo, sempre pensando em apresentar melhores resultados. Sempre pensando em levar para os meus alunos e os alunos de tantas outras escolas o melhor que poderíamos dar. Lutei por uma causa que não era tão minha quanto achei que era. E fui descartada, como se nunca tivesse pro ali passado.

Até agora não me encontrei em mim mesma. Não sei o que vai ser de mim quando anunciarem o retorno das aulas. Porque não era qualquer escola, era aquela escola. Não eram quaisquer alunos, eram aqueles alunos. Porque eu sou assim. Sou por inteiro onde quer que eu pise.

Estou recomeçando. Hoje numa carreira diferente. Aos 38 anos me pego na cadeira de aluna, aprendendo como fazer, como melhorar, como crescer. O tempo é cruel muitas vezes, mas dessa vez ele está sendo meu aliado. Porque, por mais que eu tenha passado por tudo que passei (e ainda estou passando), não me falta absolutamente nada. Não me falta um teto, comida, afeto, amor. Não me falta apoio daqueles que estão comigo pro que der e vier. Não me falta uma família que me auxilia, seja me ajudando a pagar as contas, seja me ouvindo lamentar, seja me incentivando porque estou emagrecendo e cuidando mais da minha saúde.

Esse desabafo não é um gesto de autopiedade, tampouco um desabafo de autolamentação. Na verdade é o oposto disso. É um desabafo de gratidão.

Gratidão ao Poder Superior por me mostrar, sempre, quem é quem. Por me manter intacta contra esse tipo de maldade, contra essa falta de humanidade. É gratidão por ter na minha vida pessoas que me procuram só para saber como estou, se está pintando algum job, se está faltando alguma coisa. Por ter na minha vida seres humanos que são, muito mais do que precisam aparentar ser.

Não adianta ter um postura de compaixão com o próximo se não cuidas daqueles que estão ao seu lado. Cuide dos teus! Sempre!

Não to curada ainda. A dor de vez em quando me pega firme e me deixa pequenininha, querendo colo. Há dias que quero gritar, outros me enfio numa concha e só consigo pensar. Mudar de rumo requer uma bússola bem alinhada e a minha ainda não está.

E apesar disto, sou grata!

domingo, 3 de janeiro de 2021

 

Acordei e não consigo mais dormir. Deitei cedo, comecei hoje a ler um livro muito interessante indicado por uma pessoa muito interessante. Leitura sempre me faz dormir, então, ao terminar de ler o tanto que eu tinha determinado para esta noite, dormi. Acho que ainda nem era meia noite, o que tem se tornado uma novidade na minha vida desde os últimos acontecimentos profissionais. Acordei assustada com dois pesadelos interligados e totalmente diferentes. Em um deles eu estava vendo um arrastão acontecendo no condomínio que fui criada. Eu estava vendo pela janela os bandidos armados de fuzis assaltando pessoas que conheço, roubando seus pertences a matando desnecessariamente. Em algum momento do pesadelo eu estava em um taxi fugindo deste mesmo assalto/arrastão/chacina. Quando tudo se acalmou, voltei para o apartamento onde minha mãe mora – apartamento este que passei a maior parte da minha vida – e ela estava aflita porque ela havia deixado meus cachorros com uma grande amiga minha. Cachorros estes que foram embora da minha vida no ano passado devido a diversos problemas. No entanto, não pretendo revisitar este passado neste post.

Eu falava pra minha mãe – que tinha se safado do assalto/arrastão/chacina – que eu falaria com a minha amiga. De repente, como acontece nos sonhos, eu estava em um lugar que parecia um santuário de animais selvagens e estes cachorros estavam lá. Somente eles. E dois deles que brigavam muito e que foram o motivo de eu ter que, infelizmente, tirá-los da minha vida, estavam juntos, unidos e brincando. Eu falava com a minha amiga que aquilo seria potencialmente perigoso, tendo em vista que a relação deles sempre foi muito explosiva e as brigas muito feias. Separamos. Um dentro de uma grande jaula – grande mesmo – e o outro solto. Subitamente percebo que um deles estava tentando pular a jaula, que tinha uma grade verdadeiramente alta. Quando ele conseguiu, percebi que não era o cachorro – que tinha uma coloração amarelada. Era um leão. E este leão atacou prontamente o cachorrinho (que costumava ser bem manso quando não estava na presença deste com tom amarelado). Eu nada pude fazer. Virei de costas para não vê-lo sendo devorado, sentindo todos os músculos do meu corpo se tremerem como um papel em frente ao ventilador.

Acordei. Apavorada, tremendo e suando muito.

Sonhos representam bastante como estamos nos sentindo. E me sinto trêmula. Trêmula de medo de tudo que está por vir na minha vida justamente por estar, nesse momento, experimentando sensações bem novas.

Levantei, tomei um banho quente estilo escalda couro, comi uma tapioca com queijo coalho, requeijão zero e alho poró – amo, inclusive – e um copo de coca zero bem gelado. Já perdi 23 quilos dos 40 que ganhei, não posso vacilar. Estava com fome e não queria pegar meu carro e ir ao McDonald’s, como minha outra eu, 23 quilos mais gorda faria.

Voltei pra cama. Rolei, rolei e nada. Não consigo voltar a dormir porque estou com a sensação ruim que um pesadelo causa. To impressionada e com medo ainda. Por isso decidi escrever.

Eu sei que tudo na vida passa. Claro que passa. A dor diminui, os apegos mudam de direção, as verdades de hoje não são as mesmas de amanhã. Ou talvez sejam. Mas o fato é que sentir é o que me causa mais medo no momento. Sabe aquele almejo infantil de apertar um botão e eliminar tudo que você está sentindo?

Assim como meu processo de emagrecimento tem sido lento, calculado e constante, entrei em um modo de emagrecimento emocional. A auto sabotagem de antes hoje não me tomou. Só por hoje.

Por mais que a ferida esteja coçando, não vou retirar essa casquinha.

Vai cicatrizar.

A SAGA DA FAXINA

Sete horas da manhã. Acordei, olhei para a casa e pensei: Hoje é um belo dia para se fazer uma faxina. Foi uma vontade totalmente espontânea...