Há um tempo meu corpo vem reclamando de algumas coisas. Do cigarro, do peso, do tratamento mal feito que eu tenho seguido para o TDAH. Como assim tratamento mal feito? Vou explicar. Há anos eu estava me tratando com uma neuro. O consultório dela era deveras longe da minha casa (pra não falar que ficava na olhota do Recreio dos Bandeirantes). E consultório longe não é nada convidativo, né? Mas eu ia. Só que, um belo dia, ao ligar para marcar a consulta, fui informada que ela não aceitaria mais nenhum plano de saúde (e que se foda os pacientes antigos). Fiquei puta, mas falei: vou procurar outro neuro.
DU-VI-DO
vocês acertarem o que aconteceu?
Pois
é. Quase 10 anos depois, eu continuava tomando meu medicamento controlado, autoprescrito.
Comprando no mercado clandestino dos medicamentos controlados. Sem horário. Sem
rotina. Sem educação.
Só
que meu corpo reclamou. Enxaqueca absurda e frequente, dor no maxilar, coração
eternamente acelerado. Irritabilidade e agressividade na ponta de uma resposta
torta. Zero tolerância pra tudo: frustração, cansaço, pessoas...
Eu
sabia que era do remédio. E sabia que a Rita, que há muito me acompanhava nessa
minha vida louca, ultimamente, estava me fazendo mais mal do que bem. Picos muito
fortes e rebotes muito intensos. Zero equilíbrio.
Então,
finalmente, coloquei ação e concluí uma das metas inacabadas: encontrei uma neuropsiquiatra.
Eu
sempre tive medo de tomar Venvanse. Tava acostumada com a Rita, já tinha meus
horários bem definidos com ela. Sabia que podia tomar um comprimido a mais,
caso precisasse estender meu horário de trabalho. Sabia que podia não tomar, caso
não tivesse disponível. Sabia que o preço era acessível.
E
qual foi a primeira coisa que a médica fez? Sim, ela trocou a Rita pelo Venvanse.
Lisvenx, pra ser mais exata. Primo do Venva.
Sabe
qual é o meu único arrependimento? Não ter ido ao médico antes. Que sensação
maravilhosa essa tal de linearidade. Que sensação incrível é não passar o dia
inteiro dormindo um cadinho e acordando. Que sensação incrível essa de dormir de
verdade à noite e acordar bem. Produtividade fluindo da maneira que deve ser
para um adulto funcional.
Eu
sei que remédio não faz milagre. Mas olha... to quase canonizando o Venvanse. E
a Risperidona também. Ela também tem seu valor.
Tratamento
de TDAH é coisa séria. Se você não consegue sozinho, peça ajuda. Converse com
os seus. Mas faça. Trate. Cuide.
Agora
vou lá terminar meu trabalho porque tenho hora pra tomar a Risperidona e,
depois dela, mais ninguém.
Beijos
da Luda
(AUTOMEDICAÇÃO NÃO É LEGAL. ESTE POST NÃO É PROPAGANDA DE REMÉDIO. SÃO IMPRESSÕES DE UMA NEURODIVERGENTE DESCOBRINDO QUE A VIDA NÃO PRECISA SER TÃO DOLOROSA)