terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Para minha avó, minha rainha...

Eu escrevi esse texto na semana que ela faleceu, mas nunca tive coragem de postar.

Reli agora, chorei como de costume e agora me sinto à vontade para dividi-lo.

Vó, bisavó, mãe, irmã, amiga... pra mim simplesmente e pra sempre, minha “Vó-Lena”.

Inevitável o sofrimento. Saudade ardida essa que bate no peito. Em muitos momentos perdemos as estribeiras, gritamos e falamos aquilo que não queremos com o intuito de nos fazermos notar. Infeliz escolha. Naquele leito frio, a vida tomada nos mostra que nada disso é necessário. Que recordados são os momentos de carinho. O corpo sem reflexo e expressão é o que nos mostra que agora só a saudade será capaz de nos transportar para perto novamente. De tudo, do teu colo serei saudosa. Das brigas estúpidas e do pedido alimentar de desculpas. Das risadas, do eterno entendimento. Da compreensão com essa neta torta, com os filhos tortos, com os amigos tortos. Porque não seria a sua vida se tudo fosse reto, direito, no lugar.

Os natais, o cheiro do frango metido a besta, a carne assada, a vaca atolada, a farofa, o arroz de brócolis...

-   Ah, vó ! Maionese com maçã ?

E lá vinha ela com a maionese feita especialmente pros netinhos chatos!

As histórias, a roubalheira nas partidas de buraco. A irmandade opcional com a sua melhor amiga, Maria do Carmo, a quem você nos brindou com o presente de chamarmos de família. A maneira como nos fez crescer sujeitos simples, verdadeiros e de caráter.

A batalha, na vida e na morte, para buscar algo de melhor sempre, para todos.

O fim não apaga os defeitos. Todos os temos e sempre teremos. Turrona, chata, em muitos momentos a grosseria em pessoa. Levanta a mão, nesse lugar, quem a odiava? Impossível.

Essas palavras não são um terço da dor que estamos todos sentindo. Essa dor que nos faz querer estar cada vez mais perto um do outro, para que a sua memória seja perpetuada dentre todos que tiveram o imenso prazer de realmente te conhecer.

Vai em paz. Caminha para perto da tua mãe, teus irmãos. Desejamos todos que sejamos dignos de encontrar contigo onde quer que tu estejas. Olhe por nós, como sempre fizestes.

Obrigada por me tornar essa pessoa que sou hoje.

Vai em paz minha vó. Descanse, e sempre me dê sua benção...

 


Um comentário:

Denise Victor disse...

Fantástico!!! Vc é mto boa com as palavras. Senti como se tivesse conhecido sua avó. E, claro, chorei rsrs Lindo mesmo. Ela certamente está muito feliz por saber que sua família a amou e ainda ama tanto. Beijos :-*

A SAGA DA FAXINA

Sete horas da manhã. Acordei, olhei para a casa e pensei: Hoje é um belo dia para se fazer uma faxina. Foi uma vontade totalmente espontânea...