Queria aprender a falar de você muito
menos superficialmente do que sei. E olha que tudo que eu sei já me é suficiente
para que eu não sinta nada além do seu sorriso. Sabe, quando você fica tímida
e seu sorriso e seu olhar ficam meio sem direção. E você logo trata de fazer
uma piada para se soltar daquela situação desconfortável. Também tem os
momentos que você foge daquilo que possivelmente te fará perder o controle.
Então você não responde mensagens, não liga, não procura, por mais que você
queira passar algumas boas horas se entregando para aquilo que, para você, não
faz o menor sentido. O novo te assusta porque você aprendeu a viver de forma
confortável, envolvida por uma segurança bege, evitando, assim, qualquer coisa
que possa te fazer sentir mais do que você gostaria. Sua intensidade é disfarçada
de uma sobriedade discrepante. Você é terra e fogo. Você é perfeita, do jeito
que é. Insegura, desconfiada e um porto. Uma tromba d’água disfarçada de rio. Uma
correnteza forte, daquelas que levam até os mais seguros a se sentirem como
adolescentes descobrindo a vida. Seus olhos escondem sofrimentos que só os que querem
te conhecer enxergam verdadeiramente. Sua beleza óbvia é inegável. Simetria
define seu rosto. Entretanto, há muito mais. Sua simetria transcende os traços
físicos. A forma como você se importa é o que faz toda a diferença. Não é só beleza, é a maneira como você sobe a tela do celular com a lateral
do dedo. É a maneira que você se senta pra dirigir. É o anel no
indicador, a unha que combina com a mão, a mão que com a minha. É a voz encantadora.
É o teu estar. Permanecer. É tudo que eu vejo, como eu vejo. É muito mais o meu prisma do que o teu ser.
Era pra ser.
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