Eu já tive tantos medos nessa
vida. Medos assim mesmo, no plural. Medo mesmo. Medo de envelhecer sozinha,
medo de escuro, medo de tomar banho sozinha em casa, medo de acordar de madrugada
e estar passando um filme de terror na televisão, medo de magoar as pessoas,
medo de causar sofrimento de qualquer maneira em outro ser humano. Há anos
venho tentando combater esses medos, todos eles, um por um, de acordo com a sua
complexidade.
Pra não acordar no meio da madrugada
e me deparar com um filme de terror, durmo sempre vendo a mesma coisa, ou
coloco a TV no timer ou simplesmente a desligo antes de pegar no sono. Pra não
ter medo de tomar banho quando estou sozinha em casa, coloco Grey’s Anatomy no
celular, dentro do box. Há medos que consegui resolver. Outros, ainda luto.
Invariavelmente vamos magoar alguém.
Infelizmente, com o pesar da palavra. Por mais que não queiramos, por mais que
tentemos não fazê-lo. As expectativas que o outro cria sobre nós independe da
nossa vontade. E quando não atingimos a plenitude dessas expectativas, pronto!
Não podemos e não devemos nos sentir
culpados por isso. (venho tentando ferrenhamente).
Da mesma maneira acontece com os
nossos sentimentos. Quando nos pegamos envolvidos em um sentimento que vive
apenas na nossa imaginação, a culpa não é do coleguinha. Aprender a se deliciar
com esse sentimento depende do grau de maturidade que atingimos.
Ouvir uma música, lembrar de um
sorriso e não sofrer com isso, porque a distância entre esse sorriso e a sua
vida é enorme depende apenas da seu entendimento sobre as expectativas que você
cria. Não cria-las é utopia. Criá-las e saber viver com elas é a meta.
Meus medos são meus e vivo bem
com eles. Assim como também vivo
imensamente feliz com as expectativas que crio. Apenas fique.
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