sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A novela...

Estava assistindo à novela da tarde hoje – sou noveleira assumida e quando gosto da novela vejo até o Vale a Pena Ver de Novo – e percebi o quanto tentamos alcançar o inexistente. A personagem da Guilia Gam (Heloisa) estava conversando com mais uma Helena do Manoel Carlos, que neste caso é sua irmã, sobre o fato do marido ser louco para ser pai e ela, por egoísmo, ter feito uma laqueadura de trompas para que não tivesse que dividir o marido com ninguém, nem mesmo com um filho. Parei. Analisei. Pára agora! Eu estava sim analisando a vida através de uma novela de Manoel Carlos apesar de achar que nenhum ser humano provido de inteligência deva fazer isso. Gente, a vida deles é perfeita! Até os empregados têm dinheiro pra cacete. Pessoas que não sabem o que é vida real. Todas moram em mansões no Leblon, todas são extremamente educadas e bem vestidas, quando se estressam falam baixo e ele ainda é capaz de colocar os problemas mais surreias que já vi na vida, juntos, numa mesma novela. Uma apanha do marido sem nada falar, nunca. As pessoas ao seu redor sabem que ele a espanca e ninguém também toma atitude alguma. Ela fugiu de São Paulo por não agüentar mais essa vida e no entanto ele a encontrou e ela continua na vida de ser surrada a cada capítulo. A outra é a professora cachaceira e se encachaça dentro da escola. Tem uma tentativa, diga-se de passagem, muito da furreca, de um casalzinho adolescente de lésbicas que me irritam profundamente. Analisem: elas são adolescentes (sinônimo de hormônios a flor da pele) e namoram o tempo inteiro somente se olhando! As lésbicas não podem nem se tocar porque se não as pessoas que assistem a novela têm um colapso nervoso. Mostrar o marido espancando a mulher pode. Mostrar que a outra fez um aborto, ilegal no Brasil também pode. Mas mostrar a realidade não. Vou contar um segredo: EXISTEM CASAIS HOMOSSEXUAIS GENTE!!! Desculpem descolorir o mundinho rosa de vocês com a realidade. Pra que coloca lésbicas então? Sinceramente, se eu namorasse qualquer uma das duas, mesmo que na novela, tiraria muitas e muitas casquinhas e não ficaria olhando o tempo inteiro. Neste mesmo capítulo os pais de uma delas saem e deixam a menina sozinha em casa. Claro que ela chamou a namorada para uma noite romântica. Raciocinem: LINDAS, as duas. Vocês acham mesmo que elas ficariam conversando sobre a Paulinha, a garota mais chata da escola??? Faz me rir, não é mesmo?
E essa tal de Paulinha? Caralho... desculpe o mal termo, mas ela me dá enjôo. O pai é o zelador da escola. Ela morre de vergonha de morar lá mas se você reparar o quarto dela é 10 vezes o tamanho do meu apartamento. Ela vive humilhando o pobre homem, chamando o cara de pobre, como se isso pudesse chegar perto de ser humilhação para alguém. E a desgraçada tem tudo do bom o do melhor. Daí, pra se sentir melhor ela vive pedindo pra dormir na casa da amiga, que mais parece um picolé de chuchu, que por sua vez é apaixonada pelo Fred, que ama a professora que apanha do marido...


Aff...essas coisas me fazem até perder o foco. Mas voltando ao que eu estava querendo dizer. Não adianta. Ninguém nunca se sentirá completamente satisfeito. Nunca. Haverá sempre uma reclamação, sempre um problema, sempre um impecilho para alcançarmos a tão esperada felicidade.
Sabem por quê?
Eu aceitei uma verdade dentro de mim e gostaria que alguém tentasse mudá-la ou que pelo menos tentasse me mostrar qualquer outro ponto de vista. A felicidade acontece agora. E NÃO SE REPETE. Cada momento feliz é aquele momento, exatamente como um orgasmo. Você pode transar milhares de vezes com a mesma pessoa, entretanto a possibilidade de se ter dois orgasmos iguais é percentualmente mínina. Porque simplesmente não acontece. Simples assim. Um momento de felicidade é único e não adianta que nada vai prolongá-lo além do que ele deve ser, nada fará com que ele se repita. Podem acontecer outros, mas estamos com aquela impressão de felicidade petrificada dentro de nós. A máxima “a primeira impressão é a que fica” é verdade. Achamos que felicidade é sempre aquela, exatamente aquela sensação gostosa que temos dentro de nós quando na verdade a felicidade pode não ser sensação alguma. Não pensamos que quando não estamos sentindo estamos felizes. Sempre exitamos ao falar de sentimentos bons. Damos valor demais as coisas ruins. Acho que se pararmos de dar audiência pras coisas ruins elas não voltam. Passam rápido. E também pensamos que se não vivemos eternamente em êxtase total é porque estamos infelizes. E aí começamos a procurar agulha no palheiro. Na verdade não buscamos encontrar a felicidade, buscamos sempre acabar com ela. Não aceitamos a felicidade de fato. Procuramos sempre o que nos faz infeliz!
Sempre me pergunto porque eu nasci uma pessoa (e não um cachorro), e ainda mais mulher. Tô com meu nível de testosterona alto hoje e totalmente impaciente para qualquer tipo de abobrinha sobre felicidade.
Felicidade é um estado de espírito e ninguém pode nos fornecê-la. Somos ou não felizes e isso depende apenas de nós mesmos.
Há quem escolha ser eternamente infeliz por ter petrificado dentro de si um único momento de felicidade, um pequeno período de sorrisos e qualificando ou mal comparando qualquer outra situação que se viva. Há quem goste da liberdade de ser feliz olhando seu cachorro dormir...

E você? O que escolhe?!

Um comentário:

Renata disse...

HAHAHAHAHA.. ADOREEEI!!! Em relação a novela: essa novela é chata p/ kct mesmo. Surreal mesmo o mundo do "Maneco". Até o núcleo "probre" mora no Leblon. Agora, vc disse uma coisa certíssima. Muitas pessoas vivem reclamando de tudo e nunca estão satisfeitas com nada. Tenho vários conhecidos assim. E isso infelizmente me faz me afastar dessas pessoas, pq eu simplesmente não suporto esse tipo de postura. Tem gente que tem mais é que levantar as mãos para os céus e agradecer pela vida que tem ... Bjuuuusss

A SAGA DA FAXINA

Sete horas da manhã. Acordei, olhei para a casa e pensei: Hoje é um belo dia para se fazer uma faxina. Foi uma vontade totalmente espontânea...