segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pra crescer tem que ser grande!

Você nota a diferença. Não tem jeito. Por mais que você lute contra, ela grita na sua cara.
Quando éramos mais novos ríamos do que os mais velhos diziam ao se referirem sobre o peso que a idade trás. Ríamos e dizíamos que isso jamais aconteceria conosco. Doce engano.
Acontece com todos e em dado momento você repara que não tem mais a vitalidade dos 17, nem a inconsequência dos 19. Você repara que seus gostos para os programas mudaram e que você prefere muito mais o conforto de um bom restaurante do que a barulheira de uma boate lotada. Você sabe conversar, afinal de contas, e quer ouvir e ser ouvido, não é mesmo?! Você prefere conversar do que se perder no meio daquelas pessoas todas suadas, com aquela música extremamente alta depois de um dia cansativo de trabalho. Claro que uma boate de vez em quando ainda funciona, dançar, curtir com os amigos... Mas você vai ter que escolher entre sair na sexta-feira, depois de um dia inteiro de trabalho e estresse, tendo acordado super cedo ou passar o domingo inteiro de bode, deitada, sentindo o peso do mundo nas pernas, e ainda com os ouvidos zunindo por causa da altura que a música toca. Sem contar o cheiro de cigarro entranhado até na sua alma e, convenhamos, por mais que você fume, esse cheiro nunca é agradável.
Você nota a diferença quando almoço do horário de expediente vira evento. Aquele amigo que você não vê há tempos te liga e o programa que vocês dois têm disponibilidade de tempo para marcar é uma almoço no horário do expediente. Ele tem faculdade depois do trabalho e você ta fazendo aquele curso de especialização que você precisa fazer para manter seu estável emprego.
E sabe por que você não vê esse seu amigo há tempos? Porque agora vocês trabalham todos os dias de 9:00 as 18:00 e depois estudam de 18:20 às 22:40 e quando chegam em casa ainda fazem trabalhos da faculdade, estudam, comem, dormem. Porque nos fins de semana você tem que estudar pras provas da faculdade, porque seu o chefe te pediu pra apresentar um relatório enorme na segunda-feira ou porque simplesmente você precisa dormir até não acordar mais pra tentar descansar da semana bizarra que você teve, afinal de contas, você ainda é um ser humano.
É a idade que namorar tem um peso muito maior porque todo mundo te cobra se você vai se casar ou se vai continuar enrolando a moça.
Você repara. Simplesmente nota. É assim que acontece. Você nota que um dia dormiu inconseqüente e dono do mundo e que agora não quer mais ser mártir de nada. Que agora você ouve sua mãe falar e se sente culpado por não dar satisfação a ela naquele dia que esticou com a galera do trabalho e já está tarde. Porque ta tudo muito violento e deixar a velha em casa preocupada não faz mais parte da sua rotina de vida. Porque agora você enxerga a violência.

Porque a vida é assim. E ter o discernimento de curtir cada fase dela, a seu tempo, é a melhor parte de tudo isso.
Ser adulto é um saco, eu confesso. Todas as responsabilidades de ser um adulto são mais chatas ainda. Mas se entendermos que crescer não significa perder a juventude tudo se torna mais fácil de levar. Que não se precisa parar de brincar para ser adulto, e sim para de levar tudo na brincadeira...
E que para crescer, você tem que ser grande.


Esse relato vem de uma autêntica sofredora da síndrome de Peter Pan que está passando pela crise da meia idade aos 27 anos.

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